Sistema IRIS2 promete conectividade segura e revitalização do setor espacial europeu
A Comissão Europeia assinou um contrato de concessão com a SpaceRISE para a construção do programa de satélites que rivaliza com a Starlink, de Elon Musk, no fornecimento de conectividade de alta velocidade para governos e cidadãos da União Europeia, conforme relatado pelo Financial Times.
Essa nova constelação de satélites, chamada multiorbital Infraestrutura para a Resiliência, Interconectividade e Segurança por Satélite (IRIS2), é considerada o terceiro maior programa espacial europeu, atrás do Galileo e do Copernicus. Ela foi idealizada para oferecer serviços de comunicação soberanos aos estados-membros da UE e revitalizar o setor espacial da região, que enfrenta desafios crescentes frente à concorrência global.
“IRIS2 não é apenas uma conquista tecnológica, é um testemunho da ambição e da unidade da Europa. Esta constelação de ponta protegerá as nossas infraestruturas críticas, ligará as nossas zonas mais remotas e aumentará a autonomia estratégica da Europa”, disse Henna Virkkunen, vice-presidente executiva da Comissão Europeia responsável pela Soberania Tecnológica, Segurança e Democracia, em comunicado.
“Ao estabelecermos uma parceria com o consórcio SpaceRISE, estamos demonstrando o poder da colaboração público-privada para impulsionar a inovação e proporcionar benefícios tangíveis a todos os europeus.”
Detalhes do projeto
A SpaceRISE, liderada pela Eutelsat, Hispasat e SES, arcará com 39% do financiamento e terá uma concessão de 12 anos para projetar, construir e operar o programa, que colocará 290 satélites em órbitas baixas e médias da Terra, com uma meta de começar as operações no início de 2030.
A maior parte da capacidade será dedicada a um serviço de banda larga comercial oferecido pelas operadoras de satélite para empresas e residências. Mas uma parcela também será dedicada a serviços seguros que dão suporte a aplicações governamentais, como vigilância e gerenciamento de crises, destaca o FT.
O IRIS2 deve oferecer um pipeline de contratos para a indústria espacial da Europa, que tem lutado para se adaptar à mudança de grandes satélites de comunicação em órbita geoestacionária a cerca de 36.000 km acima da Terra para megaconstelações de naves espaciais menores em órbita baixa da Terra, até uma altitude de 2.000 km.
Josef Aschbacher, diretor-geral da Agência Espacial Europeia, destacou que o programa irá “fomentar a inovação na indústria espacial europeia, impulsionar a competitividade e criar empregos”.
Além disso, poderá ajudar a resolver tensões que ameaçam a colaboração franco-alemã, enquanto a UE tenta introduzir competição na aquisição de serviços de lançamento e carga espacial.
No início deste ano, a Alemanha expressou preocupações sobre o custo e provável compartilhamento de trabalho no IRIS2. E Philippe Baptiste, presidente da agência espacial francesa CNES, avaliou que não havia garantia de que as empresas francesas dominariam o trabalho, já que o programa não concederia contratos com base no investimento de nenhuma nação.
“Costumávamos ser líderes claros na Europa para telecomunicações baseadas no espaço. Mas agora o mercado está claramente mudando para LEO [órbita terrestre baixa]”, complementou Baptiste. “É importante não apenas para a agenda estratégica da Europa, mas também para as empresas ganharem liderança em tecnologia. Tem que ser competitivo.”
Fonte: Epocanegocios